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Inteligência Artificial

Duolingo anuncia mudanças significativas em sua operação

A plataforma de aprendizado de idiomas adota IA como estratégia principal e reduz contratações temporárias

05/05/2025, 21:10

Duolingo anuncia mudanças significativas em sua operação
Duolingo anuncia mudanças significativas em sua operação
Duolingo anuncia mudanças significativas em sua operação

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O mundo dos aplicativos educacionais está passando por uma transformação silenciosa, mas profunda. Em um movimento que tem gerado debates entre profissionais de tecnologia e educação, o Duolingo anunciou recentemente sua transição para se tornar uma empresa "AI-first", priorizando o uso de inteligência artificial em vez de trabalhadores temporários.


O novo norte da empresa

A inteligência artificial agora está no centro da estratégia do Duolingo, conforme revelado pelo cofundador e CEO Luis von Ahn em um comunicado interno posteriormente compartilhado no LinkedIn. De acordo com o documento, a empresa "gradualmente deixará de usar contratados para fazer trabalhos que a IA pode realizar", sinalizando uma mudança fundamental na forma como a plataforma desenvolve seu conteúdo educacional.

"Quando há uma mudança tão grande, a pior coisa que você pode fazer é esperar", afirmou von Ahn, comparando esta transição à aposta que a empresa fez na tecnologia móvel em 2012, decisão que impulsionou seu crescimento. Para o CEO, criar conteúdo manualmente não é escalável: "Para ensinar bem, precisamos criar uma quantidade massiva de conteúdo, e fazer isso manualmente não funciona em grande escala".


As novas diretrizes operacionais

A mudança para uma estratégia centrada na inteligência artificial vem acompanhada de novas diretrizes que afetarão diversos aspectos da empresa:

  1. Eliminação gradual de posições terceirizadas: As funções que podem ser automatizadas não terão mais profissionais contratados dedicados a elas.

  2. IA como critério de avaliação: O uso e conhecimento de inteligência artificial será considerado tanto em novas contratações quanto em avaliações de desempenho dos funcionários atuais.

  3. Restrições para novas vagas: Novas posições só serão aprovadas se uma equipe demonstrar que já maximizou suas oportunidades de automação.


Von Ahn destacou que essa estratégia não visa substituir funcionários permanentes (chamados internamente de "Duos"). Segundo ele, o objetivo é "remover gargalos para que possamos fazer mais com os excelentes Duos que já temos", permitindo que os colaboradores se concentrem em "trabalho criativo e problemas reais, não em tarefas repetitivas"

Histórico de automação no Duolingo

Esta não é a primeira iniciativa do Duolingo na substituição de trabalho humano por sistemas automatizados. No final de 2023, a empresa já havia cortado aproximadamente 10% de sua força de trabalho contratada, utilizando modelos de IA como o GPT-4 da OpenAI para agilizar a produção de conteúdo e traduções.

Na época, um porta-voz explicou que o GPT é usado para traduzir frases, e depois "especialistas humanos validam que a qualidade da saída é alta o suficiente para o ensino". A empresa também utiliza o GPT-4 para alimentar experiências em sua assinatura premium Duolingo Max, incluindo feedback gerado por IA e um chatbot para ajudar os usuários a praticar conversações.

Além disso, o Duolingo possui seu próprio modelo de IA proprietário, chamado "Birdbrain", que personaliza o conteúdo das lições conforme o perfil do aluno.


Impactos no mercado de trabalho

As decisões do Duolingo levantam questões importantes sobre o futuro do trabalho em um cenário cada vez mais automatizado. Os contratados temporários, que já enfrentam insegurança no emprego, agora encaram um desafio adicional: a possibilidade de suas funções serem completamente automatizadas.

Um aspecto preocupante foi apontado por usuários da plataforma nas redes sociais. Eles temem que traduções feitas por IA possam comprometer a qualidade do ensino, já que especialistas humanos têm um entendimento mais profundo de línguas, expressões idiomáticas e nuances culturais.

Em um post no X (antigo Twitter), um usuário comentou: "O Duolingo demitiu uma enorme porcentagem de seus tradutores contratados, e os que restaram estão simplesmente revisando traduções de IA para garantir que sejam 'aceitáveis'. Este é o mundo que estamos criando. Removendo a humanidade de como aprendemos a nos conectar com a humanidade"

Tendência crescente em empresas de tecnologia

O Duolingo não está sozinho nessa abordagem. Outras empresas estão seguindo caminhos semelhantes:

  • Intuit, criadora do TurboTax e QuickBooks, demitiu cerca de 1.000 funcionários em 2024, indicando que as economias seriam reinvestidas em tecnologia de IA.

  • Cisco Systems anunciou planos para reduzir sua força de trabalho em 7%, o que representa 5.900 funcionários, como parte de uma mudança estratégica para setores como IA e cibersegurança.

  • Shopify implementou política semelhante, onde novas contratações só são aprovadas se a equipe não puder automatizar mais seu trabalho.


O futuro da aprendizagem com IA

Von Ahn acredita que a IA não é apenas uma ferramenta para aumentar a produtividade, mas um meio de aproximar o Duolingo de sua missão educacional. "Pela primeira vez, ensinar tão bem quanto os melhores tutores humanos, está ao nosso alcance", afirmou.

Como parte da transição, os funcionários receberão treinamento e ferramentas de IA. No entanto, o CEO reconhece que a mudança pode gerar insegurança: "A mudança pode ser assustadora", escreveu no e-mail compartilhado.

O Duolingo projeta receitas entre $962,5 milhões (aproximadamente R$ 5,48 bilhões) e $978,5 milhões de dólares (aproximadamente R$ 5,57 bilhões) para 2025, superando as expectativas de Wall Street, graças ao crescente uso de suas assinaturas com recursos de IA. Uma recente campanha de marketing na qual o mascote da marca, a coruja Duo, simulou sua morte ajudou a impulsionar o número de usuários no início de 2025.


O caminho à frente para o aprendizado de idiomas

A mudança estratégica do Duolingo gera reflexões importantes para quem acompanha o setor educacional. Por um lado, a automação pode permitir que a empresa expanda seu alcance, oferecendo conteúdo em mais idiomas e para um público maior. Por outro, surgem preocupações sobre a qualidade do ensino e a perda de nuances culturais que tradutores humanos trazem ao conteúdo.

A empresa garante que não pretende eliminar completamente o elemento humano, mas sim redistribuir seu talento para tarefas que exigem criatividade e resolução de problemas complexos. Contudo, para os contratados que estão sendo gradualmente substituídos, essa transição representa um desafio profissional significativo.

A experiência do Duolingo servirá como um caso de estudo para outras empresas do setor educacional que buscam escalar suas operações. Nos próximos meses, será possível observar como os usuários respondem a essas mudanças e se a qualidade percebida do aplicativo sofrerá alterações.


Enquanto a empresa argumenta que essa é uma evolução necessária para escalar seu alcance educacional, a transição levanta questões importantes sobre o equilíbrio entre automação e o toque humano no aprendizado de idiomas.

Os próximos meses serão cruciais para avaliar se esta aposta "AI-first" resultará em uma experiência educacional superior para os usuários ou se aspectos importantes da conexão humana com o aprendizado serão perdidos no processo.

Para os usuários do aplicativo, resta acompanhar como essa mudança afetará a qualidade das lições e a eficácia do aprendizado. E para profissionais do setor, fica o alerta sobre a importância de desenvolver habilidades que complementem, em vez de competir, com as capacidades crescentes da inteligência artificial.

Fonte: Tech Story

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