Música
Inteligência Artificial
Criador de música por IA assina o primeiro contrato com gravadora
Criador musical assina contrato usando IA para criar músicas que já somam milhões de reproduções
02/09/2025, 15:35
A indústria musical acaba de presenciar um momento que poucos imaginavam possível há alguns anos. Oliver McCann, designer visual de 37 anos, tornou-se o primeiro criador de música por inteligência artificial a assinar contrato com uma gravadora tradicional, estabelecendo um precedente que pode transformar completamente o cenário musical mundial.
O que torna este caso ainda mais surpreendente?
McCann admite abertamente não possuir qualquer formação ou habilidade musical. "Não tenho talento musical algum. Não consigo cantar, não sei tocar instrumentos e não tenho nenhuma experiência musical", declarou o britânico.
Como funciona a criação musical com inteligência artificial
McCann, conhecido artisticamente como imoliver, utiliza a plataforma Suno AI para gerar suas composições. Ao contrário dos músicos tradicionais que dependem de instrumentos como guitarras, teclados e baterias, ele simplesmente ativa seu chatbot para produzir música.
O processo criativo de McCann envolve dedicação e tempo consideráveis. Embora possa escrever letras em apenas 10 minutos quando surge a inspiração, frequentemente investe de oito a nove horas refinando diferentes versões até que a música atenda sua visão artística.
Criador de música por inteligência artificial pode produzir até 100 iterações diferentes de uma única canção, ajustando prompts e orientando o sistema de IA até ficar satisfeito com o resultado.
Muitos usuários experientes preferem escrever suas próprias letras, pois as geradas por IA tendem a ser clichês e menos interessantes que as criadas por humanos.
O sucesso comercial da música sintética
O single "Stone" de McCann já acumulou mais de 3 milhões de reproduções na plataforma Suno, um número impressionante que chamou atenção da Hallwood Media, gravadora independente fundada por Neil Jacobson, ex-presidente da Geffen Records.
A Hallwood oferecerá a McCann serviços completos de gravadora, incluindo marketing, promoção e distribuição em todas as plataformas de streaming.
A música "Stone" será lançada oficialmente em 8 de agosto, seguida por um álbum completo previsto para 24 de outubro.
Esta será a primeira vez que um artista que utiliza exclusivamente IA para criar música recebe apoio total de uma gravadora tradicional.
O crescimento explosivo da música artificial
Os números revelam uma tendência impressionante no mercado musical. Segundo dados da Deezer, aproximadamente 18% de todas as músicas enviadas diariamente para a plataforma são completamente geradas por inteligência artificial - mais de 20.000 faixas por dia.
Este volume representa quase o dobro do registrado em janeiro de 2025, quando a Deezer lançou sua ferramenta de detecção de IA. A empresa francesa utiliza esta tecnologia para filtrar músicas artificiais das recomendações algorítmicas, mantendo-as disponíveis para usuários interessados sem promovê-las ativamente.
Apesar do alto volume de uploads, as músicas geradas por IA representam apenas 0,5% do total de reproduções na Deezer, indicando que o engajamento dos ouvintes ainda permanece baixo. Dados internos sugerem que até 70% das reproduções dessas faixas podem ser fraudulentas.
Polêmicas e desafios legais na música sintética
A expansão da criação musical com inteligência artificial gerou controvérsias significativas na indústria. Três grandes gravadoras - Sony Music Entertainment, Universal Music Group e Warner Records - processaram as plataformas Suno e Udio por violação de direitos autorais.
As empresas alegam que essas plataformas treinaram seus modelos de IA usando gravações protegidas sem autorização ou compensação. Artistas como Taylor Swift, Ed Sheeran e Kendrick Lamar estão entre os nomes potencialmente afetados.
Na Alemanha, a GEMA (sociedade de cobrança de royalties) processou a Suno, acusando-a de gerar músicas similares a sucessos como "Mambo No. 5" de Lou Bega e "Forever Young" do Alphaville.
Mais de 1.000 músicos, incluindo Kate Bush, Annie Lennox e Damon Albarn, lançaram um álbum silencioso em protesto contra mudanças propostas nas leis britânicas sobre IA, temendo perda de controle criativo.
Impacto econômico e perspectivas futuras
O mercado global de música gerada por inteligência artificial está projetado para atingir US$ 6,2 bilhões em 2025, crescendo para US$ 38,7 bilhões até 2033. Especificamente, a IA generativa em música deve alcançar US$ 2,92 bilhões em 2025, expandindo para US$ 18,47 bilhões até 2034.
Cerca de 60% dos músicos já utilizam ferramentas de IA para masterização, composição ou criação de arte para seus projetos. Estudos indicam que 82% dos ouvintes não conseguem distinguir entre música criada por humanos e por IA.
Negociações estão em andamento entre grandes gravadoras e startups de IA para estabelecer acordos de licenciamento que definiriam como os artistas seriam compensados quando suas obras fossem utilizadas para treinar modelos de IA.
Divisão de opiniões na comunidade musical
A comunidade artística permanece dividida sobre o papel da inteligência artificial na criação musical. Enquanto artistas como will.i.am, Timbaland e Imogen Heap abraçaram a tecnologia, muitos músicos expressam preocupações sobre a desvalorização da criatividade humana.
Scott Smith, criador da banda de IA Pulse Empire, vê a tecnologia como "apenas mais uma ferramenta em nosso arsenal", comparando-a a instrumentos como AutoTune, máquinas de bateria e sintetizadores que inicialmente geraram controvérsias mas foram posteriormente aceitos.
Neil Jacobson, da Hallwood Media, defende que McCann "representa o futuro do nosso meio" e é "um designer musical que está na interseção entre artesanato e bom gosto".
McCann complementa afirmando que "isto não é sobre substituir artistas, é sobre expandir o que é possível".
Análise crítica e avaliação do conteúdo
Este artigo apresenta de forma abrangente o caso histórico de McCann e contextualiza adequadamente o crescimento da música artificial. A estrutura lógica permite compreensão progressiva do tema, desde o caso específico até as implicações mais amplas.
Pontos fortes identificados: Cobertura equilibrada apresentando tanto oportunidades quanto desafios; dados quantitativos concretos de fontes confiáveis; contextualização histórica adequada; apresentação de múltiplas perspectivas sobre a questão.
Aspectos que poderiam ser melhorados: Inclusão de mais exemplos específicos de outros criadores de IA; análise mais detalhada dos aspectos técnicos das plataformas; discussão sobre impactos na distribuição de royalties; exploração de cenários futuros mais específicos.
Para tornar o conteúdo mais convincente, recomenda-se: adicionar depoimentos de músicos tradicionais sobre a tecnologia; incluir análise de tendências de consumo por faixa etária; apresentar casos de sucesso e fracasso na área; discutir implicações para educação musical.
Fonte: Associated Press