Música

Inteligência Artificial

Como as gravadoras descobriram o ouro digital depois de declarar guerra

IA musical vive reviravolta bilionária: gravadoras mudam de estratégia e negociam com Suno e Udio

22/07/2025, 21:00

Como as gravadoras descobriram o ouro digital depois de declarar guerra
Como as gravadoras descobriram o ouro digital depois de declarar guerra
Como as gravadoras descobriram o ouro digital depois de declarar guerra

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Lembrar dos tempos do Napster pode parecer nostalgia, mas a história se repete de forma curiosa. Se antes eram programas de download que faziam as gravadoras dormirem mal, hoje são plataformas de inteligência artificial musical que geram faixas completas em segundos. A diferença? Desta vez, o final da história pode ser bem diferente.


A nova guerra digital da música

Empresas como Suno e Udio transformaram a criação musical em algo tão simples quanto escrever uma mensagem no WhatsApp. Basta digitar "uma balada romântica com violão e voz melancólica" e, em poucos minutos, você tem uma música pronta.

Essa facilidade assustou as gigantes do setor. A Recording Industry Association of America (RIAA), representando Sony Music, Universal Music e Warner Music, abriu processos contra essas startups em 2024. A acusação: uso não autorizado de milhões de músicas protegidas para treinar seus sistemas de IA.

Os números eram intimidantes. A RIAA exigia até US$ 150 mil por música violada - um valor que poderia chegar facilmente à casa dos bilhões. Para as gravadoras, essas plataformas representavam uma ameaça existencial ao modelo tradicional da indústria musical.


Quando o inimigo vira sócio

Mas algo mudou no meio do caminho. Segundo o Wall Street Journal, as mesmas gravadoras que moveram os processos começaram negociações formais com Suno e Udio para licenciar seus catálogos. Sony, Universal e Warner entraram em conversas separadas com essas startups, buscando acordos que poderiam incluir até participação acionária nas empresas.

A virada de mesa não aconteceu por acaso. Os números da IA musical chamaram atenção de quem entende de negócios. O mercado de conteúdo musical gerado por inteligência artificial deve crescer dos atuais R$ 15 bilhões para impressionantes R$ 339 bilhões até 2028. É um crescimento de mais de 20 vezes em apenas cinco anos.


O lado B de uma nova pirataria

As projeções também revelaram o outro lado da moeda. Segundo estudo da CISAC (Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores), criadores humanos podem perder até 24% de suas receitas na música até 2028, representando perdas acumuladas de R$ 53 bilhões.

O impacto já se manifesta na prática. A Sony Music revelou ter solicitado a remoção de mais de 75 mil músicas geradas por IA de plataformas de streaming, incluindo imitações de artistas como Harry Styles e Beyoncé. O Deezer detecta 10 mil músicas criadas por inteligência artificial todos os dias em seu serviço.

Um caso emblemático foi o da banda The Velvet Sundown, que conquistou mais de 900 mil ouvintes mensais no Spotify antes de admitir ser completamente gerada por IA. O projeto lançou dois álbuns completos e chegou até em vídeos da Kylie Jenner no TikTok, provando como o conteúdo artificial pode competir diretamente com artistas reais.


A matemática que mudou tudo

Os números explicam a mudança de estratégia das gravadoras. Em 2028, estima-se que músicas geradas por inteligência artificial representem 20% das receitas de plataformas de streaming e até 60% das receitas de bibliotecas musicais. Com o mercado de IA musical projetado para gerar receitas anuais de R$ 21 bilhões só na música, lutar contra essa tecnologia começou a parecer menos inteligente do que abraçá-la.

Além disso, batalhas judiciais contra empresas de tecnologia nem sempre trazem resultados garantidos. A Anthropic, dona da IA Claude, conseguiu uma vitória importante nos tribunais americanos contra escritores que tentavam impedir o uso de livros no treinamento de seus modelos. A decisão judicial considerou o uso como "altamente transformador" e dentro da doutrina de "uso justo" americana, criando um precedente que pode beneficiar outras empresas de IA.


Entre o controle e os cifrões

As negociações em andamento focam em criar sistemas semelhantes ao Content ID do YouTube, permitindo rastrear o uso de músicas originais em conteúdo gerado por IA e garantir compensação aos detentores de direitos. As gravadoras também buscam maior controle sobre como essas ferramentas são desenvolvidas e utilizadas, incluindo possível participação no design dos produtos.

Para as startups, os acordos significam legalizar suas operações e evitar processos bilionários. Para as gravadoras, representam uma nova fonte de receita em um mercado que promete crescer exponencialmente.


O futuro já chegou

A inteligência artificial musical não é mais ficção científica. Ferramentas como Suno já permitem que usuários criem faixas completas escolhendo gênero, instrumentos e até o clima emocional da música. A versão mais recente da plataforma oferece maior variedade de estilos musicais e vocais com "maior alcance e profundidade emocional".

Enquanto isso, a Udio lançou o recurso "Styles", que permite gerar músicas inspiradas no "DNA sonoro" de qualquer faixa enviada pelos usuários. Embora a empresa afirme exigir que os arquivos sejam de propriedade do usuário, especialistas consideram isso apenas um "escudo jurídico" para transferir responsabilidade.


A música não para

O que parecia ser uma nova guerra entre gravadoras e tecnologia se transformou numa dança de negócios. As empresas tradicionais do setor musical descobriram que, em vez de lutar contra a IA musical, era mais inteligente lucrar com ela.

A história nos ensina que a indústria musical sempre se adaptou às novas tecnologias - do vinil ao streaming. Agora, com a inteligência artificial, não será diferente. A questão não é mais se as máquinas vão criar música, mas como humanos e algoritmos vão dividir os lucros dessa nova era sonora.

Para quem acompanha o mercado musical, fica claro que estamos presenciando não apenas uma mudança tecnológica, mas uma completa reformulação de como pensamos autoria, criatividade e valor na música. E, pelo visto, todo mundo quer garantir seu lugar nessa orquestra digital bilionária.

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