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WhatsApp começa a exibir anúncios na aba Status
O que muda para você com a nova estratégia de monetização da Meta em 2025
18/06/2025, 13:35
A mudança histórica no aplicativo mais usado do mundo
O WhatsApp finalmente cedeu à publicidade. Após anos mantendo uma postura firme contra anúncios, o aplicativo de mensagens mais popular do mundo, com mais de 3 bilhões de usuários, anunciou oficialmente em 16 de junho de 2025 que começará a exibir publicidade na plataforma. Esta decisão marca uma mudança significativa na estratégia do aplicativo, que desde sua criação em 2009 nunca havia mostrado anúncios aos usuários.
Como funcionarão os anúncios no WhatsApp
Os anúncios no WhatsApp aparecerão exclusivamente na aba "Atualizações", onde ficam os Status e os Canais. Semelhante ao que já acontece no Instagram Stories, os usuários verão anúncios após visualizarem algumas atualizações de status consecutivas. A Meta garantiu que as conversas privadas, chamadas e grupos permanecerão livres de publicidade, mantendo a experiência principal do aplicativo inalterada.
Três novos formatos de monetização foram anunciados:
Anúncios nos Status: Aparecerão entre as atualizações de status dos contatos, permitindo que empresas promovam produtos e serviços.
Canais Promovidos: Administradores poderão pagar para aumentar a visibilidade de seus canais na seção de descoberta do WhatsApp.
Assinaturas para Canais: Criadores e empresas poderão oferecer conteúdo exclusivo mediante pagamento de assinatura mensal.
Dados utilizados para segmentação dos anúncios
A Meta afirmou que utilizará dados limitados para segmentar os anúncios, incluindo:
País ou cidade do usuário
Idioma do dispositivo
Canais que o usuário segue
Interações com anúncios anteriores
A empresa garantiu que informações pessoais como número de telefone, mensagens, chamadas e grupos não serão utilizadas para direcionar anúncios. Para usuários que conectaram suas contas do WhatsApp à Central de Contas da Meta, a empresa também utilizará preferências de anúncios e informações de outras plataformas do grupo.
O fim de uma era sem publicidade
Em 2012, os fundadores do WhatsApp publicaram um manifesto intitulado "Por que não vendemos anúncios", onde afirmavam que "ninguém acorda animado para ver mais publicidade" e que "quando a publicidade está envolvida, você, o usuário, é o produto". Este posicionamento foi um dos pilares da filosofia original do aplicativo.
Quando a Meta (então Facebook) adquiriu o WhatsApp por US$ 19 bilhões em 2014, Mark Zuckerberg prometeu manter essa abordagem. No entanto, após mais de uma década, a pressão por monetização finalmente prevaleceu, especialmente considerando que o WhatsApp gera uma fração da receita em comparação com Facebook e Instagram.
Potencial de receita para a Meta
A Meta vê um enorme potencial de receita nesta mudança. Segundo a empresa, a aba Atualizações é acessada por aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas diariamente. Até agora, o WhatsApp gerava receita principalmente através da plataforma WhatsApp Business e anúncios click-to-WhatsApp, que direcionavam usuários do Facebook e Instagram para conversas com empresas no aplicativo.
No ano passado, o WhatsApp faturou US$ 1,8 bilhão, enquanto o Facebook teve um resultado 91 vezes maior. Mark Zuckerberg já declarou que enxerga as mensagens como "o próximo grande pilar" dos negócios da Meta.
Modelo de negócio para criadores e empresas
Para canais que oferecerem assinaturas, a Meta cobrará uma comissão de 10% sobre os pagamentos, mas essa taxa será dispensada até o final de 2025. Os pagamentos serão processados através das lojas de aplicativos (App Store e Google Play).
Empresas e criadores de conteúdo poderão utilizar estes novos recursos para aumentar sua visibilidade e monetizar sua presença no WhatsApp. Para pequenos negócios que operam inteiramente no aplicativo, esta será uma oportunidade de serem descobertos por novos clientes.
Impacto para os usuários brasileiros
O Brasil é um dos mercados estratégicos para o WhatsApp, junto com Índia e Indonésia. Com mais de 120 milhões de usuários no país, o aplicativo está presente em 99% dos smartphones brasileiros e na tela principal de 54% deles.
Para os usuários que utilizam o WhatsApp apenas para conversas com amigos e familiares, a Meta garante que não haverá mudanças na experiência. No entanto, aqueles que frequentam a aba Atualizações começarão a ver anúncios gradualmente nos próximos meses.
Preocupações com privacidade e segurança
A Meta enfatizou que todas as mensagens, chamadas e status continuarão protegidos por criptografia de ponta a ponta. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de atenção contra o mau uso do canal, como a divulgação de conteúdo ilegal, golpes, propaganda política enganosa e mercadorias ilegais.
O futuro do WhatsApp como plataforma completa
Esta mudança representa mais um passo na transformação do WhatsApp de um simples aplicativo de mensagens para uma plataforma completa. Nos últimos meses, o aplicativo também se tornou uma carteira digital e ganhou integração com inteligência artificial.
A implementação dos anúncios será gradual, sem uma data específica para disponibilidade total em todos os mercados. A Meta abriu uma página para empresas e criadores interessados nos novos recursos de monetização se cadastrarem.
A introdução de anúncios no WhatsApp marca o fim de uma era para o aplicativo que se orgulhava de oferecer uma experiência livre de publicidade. Embora a Meta tenha tomado cuidado para manter as conversas privadas protegidas, esta mudança representa uma transformação significativa no modelo de negócios do aplicativo.
Para usuários, a principal mensagem é que as conversas privadas continuarão sem anúncios. Para empresas e criadores de conteúdo, abre-se uma nova fronteira de oportunidades para alcançar os bilhões de usuários da plataforma.
O WhatsApp está evoluindo para se tornar mais do que um aplicativo de mensagens, seguindo a visão de Mark Zuckerberg de transformá-lo no próximo grande pilar dos negócios da Meta.
Fonte: Meta | The News York Times