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Por que contratar designers juniores virou desafio?
O futuro dos designers em um mercado em mudança
28/07/2025, 17:30
O mundo do design de produtos está passando por uma transformação sem precedentes. A inteligência artificial no design de produtos não é mais uma promessa futurista – é uma realidade que está redefinindo como profissionais criam, desenvolvem e comercializam suas ideias.
Em um episódio recente do podcast "It's Only a Prototype", os apresentadores Tom Constable e Phil Staunton conversaram com Rupert Warries (em inglês), designer industrial e consultor de IA, sobre essa revolução silenciosa que está acontecendo nos estúdios de design ao redor do mundo.
A transformação da IA generativa no processo criativo
A inteligência artificial no design de produtos está funcionando como um copiloto criativo, não como substituto. Rupert Warries explica que as ferramentas de IA generativa estão sendo usadas para aumentar – e não substituir – a criatividade dos designers, acelerando processos como ideação, esboços e renderização 3D.
As ferramentas como Vizcom e ComfyUI estão permitindo que designers transformem esboços em renders realistas em questão de segundos. O Vizcom, por exemplo, oferece um estúdio para desenho com estilos de renderização personalizáveis e geração de modelos 3D para visualização em realidade aumentada.
O desafio da gestão de expectativas
Um dos principais problemas identificados por Warries é que o realismo das imagens geradas por IA pode levar a mal-entendidos com as partes interessadas, que podem pensar que um produto está mais próximo do mercado do que realmente está.
Essa questão reflete um dilema mais amplo: como equilibrar a eficiência da IA com a necessidade de manter expectativas realistas sobre o desenvolvimento de produtos físicos. A tecnologia está avançando tão rapidamente que muitas vezes as pessoas confundem uma visualização impressionante com um produto pronto para produção.
O território jurídico nebuloso
As preocupações com propriedade intelectual representam outro desafio significativo. Warries desvenda o obscuro território jurídico dos dados de treinamento de IA e oferece orientação para equipes de design que lidam com questões de direitos autorais.
O problema é complexo: quando uma IA gera uma imagem baseada em milhões de outras imagens existentes, quem detém os direitos sobre o resultado final? Esta questão está moldando como as empresas abordam o uso comercial de ferramentas de IA.
O mercado de trabalho
Paralelamente a essa transformação tecnológica, o mercado está enfrentando uma crise particular: o desaparecimento das vagas para designers júnior. Phil Staunton, no mesmo episódio, compartilhou uma observação preocupante sobre como o mercado não está mais disposto a pagar por tempo de designers iniciantes.
A situação é complexa. Clientes agora acreditam que a IA ou freelancers podem lidar com as etapas iniciais do processo de design. Eles procuram agências quando já "fizeram a ideia" e querem experiência do mundo real – querem expertise para transformar um conceito em protótipo, conhecimento de produção, não apenas "imagens bonitas".
O resultado é devastador para a progressão na carreira: vagas júnior estão desaparecendo, posições de nível médio estão diminuindo, e designers sênior são esperados para fazer tudo.
Apesar das capacidades impressionantes da IA, Warries argumenta que a contribuição humana e a tomada de decisões criativas ainda estão no centro do design de produtos significativos.
A IA pode gerar variações infinitas, mas não pode tomar decisões estratégicas baseadas em empatia, contexto cultural ou necessidades humanas complexas. Como um designer experiente observou: "A IA comete erros grotescos: personagem com seis dedos, coisas que a gente que trabalha com arte há muito tempo não deixaria passar".
Ferramentas práticas para começar
Para designers que querem começar a experimentar com IA, Warries recomenda ferramentas como:
Vizcom: Para transformar esboços em renders realistas rapidamente
ComfyUI: Interface modular para trabalhar com Stable Diffusion e outros modelos de IA generativa
Adobe Sensei: Para automação inteligente de tarefas repetitivas
O futuro dos profissionais de design
O cenário atual sugere que designers que souberem incorporar IA em seus fluxos de trabalho terão vantagem competitiva. Como observa um especialista: "Será mais fácil você perder o seu emprego para outro profissional que utiliza as inteligências artificiais do que você perder seu emprego para as inteligências". (essa frase acredito que já está virando um clichê do seculo)
A chave está em usar a IA como uma ferramenta para desafiar e refinar o pensamento humano, não como uma muleta. Confiar demais na IA pode reduzir habilidades essenciais de design.
Adaptação é sobrevivência
A inteligência artificial no design de produtos representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. Para profissionais estabelecidos, oferece ferramentas poderosas para aumentar a produtividade e explorar novas possibilidades criativas. Para iniciantes, o cenário é mais complexo, exigindo não apenas conhecimento de design tradicional, mas também fluência em ferramentas de IA.
O futuro pertence aos designers que conseguirem equilibrar a eficiência tecnológica com a intuição humana, mantendo sempre o foco na criação de produtos que ressoem emocionalmente com os usuários. Como Warries conclui: a criatividade humana ainda reina, mas agora ela tem um parceiro poderoso na forma da inteligência artificial.
Fonte: LinkedIn | Design 2 Maket