Design
O redesign que expandiu de hospedagens para serviços completos
A visão de Teo Connor que liderou o redesign do app Airbnb em um assistente de viagem completo
25/06/2025, 17:00
O mundo das viagens digitais nunca mais será o mesmo. Em maio de 2025, o redesign do Airbnb chegou ao mercado causando um verdadeiro alvoroço no setor de tecnologia e design. Teo Connor, vice-presidente de design da empresa, não economizou palavras ao descrever o projeto como "um pouco maluco" – e ela tinha toda razão.
A transformação que ninguém esperava
Quando o Airbnb foi lançado, sua proposta era simples: conectar pessoas que procuravam acomodações com anfitriões dispostos a compartilhar suas casas. Mas o redesign do Airbnb de 2025 representa uma mudança fundamental nessa filosofia. Como explica Teo Connor, "quando o Airbnb foi lançado, era essencialmente sobre uma coisa: reservar casas". Agora, a plataforma expandiu seus horizontes de forma impressionante.
O aplicativo redesenhado oferece três pilares principais que funcionam lado a lado: hospedagens, experiências e serviços. Usuários podem reservar desde cortes de cabelo e massagens até sessões de treinamento pessoal, tudo através da mesma plataforma que antes servia apenas para encontrar um lugar para dormir.
O desafio por trás do redesign maluco
Reimaginar uma plataforma tão estabelecida não foi tarefa simples. O principal desafio enfrentado pela equipe foi criar uma interface que mantivesse a facilidade de reservar casas – a função original do Airbnb – enquanto acomodava uma gama completamente nova de serviços e experiências.
"Tratava-se de descobrir como passar de um aplicativo projetado para facilitar a reserva de apenas uma coisa, para um lugar onde você pode navegar, aprender e entender algo completamente novo", revela Teo Connor. A solução precisava ser intuitiva, navegável e genuinamente útil, mantendo a essência característica da marca: "divertida, viva e simples".
A revolução visual que mudou tudo
A interface apresenta bordas mais suaves e uma navegação animada com intensidades sutis, criando uma experiência mais orgânica e envolvente.
Um dos elementos mais marcantes são os novos ícones, desenvolvidos ao longo de dois anos. Segundo Teo, "eles têm muita utilidade, são uma linguagem universal e são divertidos". Para os entusiastas do design, existe um nível adicional de satisfação: "se você quiser, pode realmente se aprofundar em alguns deles – eles têm muitos detalhes divertidos".
Tecnologia de ponta para uma experiência fluida
Por trás da interface redesenhada, o Airbnb reconstruiu completamente sua arquitetura tecnológica. Jud Coplan, vice-presidente de marketing de produto, explica que "um dos grandes benefícios de reconstruir a arquitetura e repensar a infraestrutura do aplicativo foi que criamos algo que pode se expandir além das 10 categorias de serviços".
Essa renovação tecnológica não apenas viabilizou os recursos já lançados, mas também preparou o terreno para futuras expansões. A navegação agora é mais simples, com três opções principais no topo: Casas, Experiências e Serviços.
Uma jornada visual
O Airbnb marca uma transição significativa do design flat para elementos tridimensionais. Esta mudança não é apenas estética – é estratégica. Os ícones 3D e efeitos de iluminação ricos remetem às interfaces táteis dos primeiros sistemas Mac OS, mas com um propósito muito específico.
Como observa um especialista em design, "esses elementos visualmente pesados ajudam a distinguir as novas seções do aplicativo Airbnb: Casas, Experiências e Serviços". Os ícones carregam mais peso visual que os ícones de linha regulares, ajudando a distinguir categorias maiores do aplicativo de pistas navegacionais menores.
A ciência por trás da simplicidade
Apesar da riqueza desses novos ícones, a interface mantém uma sensação leve e intuitiva. Isso não é acidental. A equipe de design não apenas adicionou recursos – ela os integrou cuidadosamente para evitar interromper a experiência de reserva sem atrito pela qual o Airbnb é conhecido.
"Você olha para a interface e pensa: 'claro que eles fizeram dessa forma'. Mas essa sensação de inevitabilidade é exatamente o que torna o design tão impressionante", observam especialistas da área. A simplicidade não é a falta de complexidade – é o refinamento dela.
Uma nova era para hosts e viajantes
O Airbnb representa mais que uma atualização visual; é um reposicionamento fundamental do papel da marca na jornada do usuário. Onde o Airbnb antes servia apenas para reservar um lugar para dormir, agora pretende ser um sistema operacional completo de viagem.
A plataforma expandida oferece desde restaurantes até chefs pessoais e aulas de yoga. O objetivo é que o aplicativo permaneça aberto durante toda a viagem – não apenas no check-in. Esta transição de um aplicativo transacional para uma plataforma de experiência muda fundamentalmente como as pessoas se relacionam com a marca.
O futuro das viagens digitais
As implicações dessa transformação vão além do próprio Airbnb. O Airbnb espelha uma mudança mais ampla no design de marca e produto, especialmente de marcas globais tentando conquistar mais espaço mental.
A tipografia personalizada (como a fonte "Cereal" do Airbnb) não é mais suficiente para definir identidade. A interface e experiência do usuário agora são centrais para a diferenciação da marca. Não basta mais projetar um aplicativo "bonito" – é preciso distingui-lo de outras interfaces.
Lições aprendidas com o redesign maluco
O sucesso do redesign do Airbnb oferece insights valiosos para outras empresas. Primeiro, projetar para toda a jornada, não apenas o ponto de compra. Segundo, mostrar em vez de contar – facilitar a jornada através do design. Terceiro, a complexidade deve parecer simples.
O Airbnb expandiu seus serviços massivamente sem inchar a experiência do usuário. Isso é uma aula magistral em contenção e design estratégico. Como Teo Connor bem definiu, foi realmente "um pouco maluco" – mas no melhor sentido possível.
A transformação do Airbnb de uma simples ferramenta de reserva para um companheiro de viagem completo prova que, às vezes, ser um pouco maluco é exatamente o que o mundo precisa para evoluir.
Fonte: Design Week