Design
Inteligência Artificial
O que você tá fazendo com IA?
IA revoluciona produtividade e UX, mas imagens geradas podem enganar: rótulos protegem usuários
28/05/2025, 19:20
O que você tá fazendo com IA?
IA revoluciona produtividade e UX, mas imagens geradas podem enganar: rótulos protegem usuários.
A inteligência artificial permitiu um ganho de produtividade incrível, e a cada semana que passa temos novas ferramentas que prometem entregar ainda mais.
Coisas que agregam tanto dentro do design de produto que muitos que muitos já decretaram a morte do UX design. E como fica a experiência do usuário nisso tudo?
Estamos falando de avanços incríveis na geração de imagens, som, vídeos, wireframes e até protótipos com código funcional que reduzem inúmeras vezes a criação de um MVP.
Volta para o mundo real, abre seu aplicativo de comida favorito e se depara com isso.

Um prato bizarramente artificial, gerado por alguma pessoa que viu um tutorial de 60 segundos no reels de algum grande guru que pretendia coletar leads para seu lançamento de infoproduto de como revolucionar negócios usando IA.
Logicamente a culpa não é das plataformas, afinal o usuário dono do restaurante é livre para colocar a imagem que deseja em seus pratos, e isso poderia incluir ilustrações que ele mesmo fizesse a mão, mas nesse caso aqui temos uma imagem gerada que tenta ser real, mas visivelmente não é.
Quer dizer, se você é designer provavelmente você já notou mais de 7 erros nesta imagem, começando pelas cebolas com cara de lombrigas até a física do feijão que provavelmente nunca se separaria desta forma criando ângulos de 90º perfeitos, batatas todas que possuem o mesmo comprimento e espessura e calabresas com texturas idênticas.
Ainda assim, esta imagem deve enganar muita gente com os olhos menos treinados.
E aí que mora o problema, uma imagem que engana o usuário final entrega uma promessa que não pode nunca ser preenchida, desaponta o usuário e inclusive é crime no Brasil, de propaganda enganosa.
O mesmo tem acontecido com descrições de pratos que parecem o resultado do gerador de lero lero ao invés de entregar os ingredientes e alguma informação útil do prato.
Mas isso é só o reflexo de algo maior, sobre a experiência do usuário, já que a qualquer usuário do mundo a partir de agora pode criar seu conteúdo com inteligência artificial, isso inclui cada avatar, cada descrição, cada imagem e isso molda a experiência lá no final.
Proibir parece um extremo, já que seria na prática difícil separar um pequeno retoque de fundo ou luz usando inteligência artificial, de uma imagem 100% gerada, um caminho provável seria:

Rotular, reduzindo a chance de enganar seus usuários e de quebra incentivando os usuários a utilizar imagens reais, sem estes avisos.
Esse não é um problema exclusivo de plataformas de comida como o iFood, a questão aqui começa a atingir quaisquer plataformas B2C onde os usuários gerem conteúdo o que na prática inclui Airbnb, Mercado Livre e muitos outros.
Em algumas redes sociais já vemos rótulos sendo utilizados marcando conteúdo alterado por inteligência artificial, ao mesmo tempo que produtos inteiros como o Arcads.AI prometem exatamente criar vídeos UCG (user generated content) gerados por IA.
O que é quase irônico, já que é um serviço imitando conteúdo gerado por usuários, tal como vídeos gravados no carro sem nenhuma superprodução ou até reacts em cima de outros videos.
A grande verdade é tudo se adapta, criando um eterno jogo de gato e rato onde provavelmente só duas coisas importam:
A experiência dos usuários
O lucro do negócio
Obviamente não necessariamente nessa ordem :)
Escrito por: Richard Jesus