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No-Code vai morrer?
Como "vibe coding" com GenAI está transformando No‑Code e Low‑Code.
31/07/2025, 22:30
A inteligência artificial generativa está transformando completamente o cenário de desenvolvimento de software. Se antes precisávamos usar plataformas visuais de arrastar e soltar para criar aplicativos sem código, agora basta conversar com uma IA para materializar suas ideias. Mas será que essa tecnologia realmente elimina a necessidade das ferramentas que conhecemos?
O que acontece quando conversa vira código
A inteligência artificial generativa mudou as regras do jogo. Hoje você pode descrever em linguagem natural o que precisa - "quero um app de gestão de tarefas que envie lembretes por email" - e ferramentas como ChatGPT, Gemini ou Claude transformam essa conversa em software funcional.
Esse fenômeno, conhecido como "vibe coding", permite que qualquer pessoa crie aplicações sem entender uma linha de código. A proposta é tentadora: por que aprender a usar interfaces visuais complexas quando você pode simplesmente dizer o que quer?
Apesar do entusiasmo inicial, profissionais experientes soam o alarme. A facilidade aparente esconde problemas graves que podem comprometer projetos inteiros.
O problema do código órfão
Miguel Baltazar, da OutSystems, explica uma questão crítica: "Se você não entende o que a IA gerou e não consegue ler código, está criando código órfão desde o primeiro dia. A única pessoa que escreveu o código é uma IA".
Isso significa que quando algo der errado - e vai dar - você ficará completamente perdido para corrigir.
A inteligência artificial generativa pode gerar milhares de linhas de código rapidamente, mas nem sempre com qualidade. David Mytton, CEO da Arcjet, alerta: "Vibe coding será uma fonte enorme de dívida técnica nos próximos anos".
Essa dívida técnica - custos futuros de manutenção por decisões técnicas ruins - já representa um problema de 1,5 trilhão de dólares anualmente para empresas.
As plataformas visuais ainda têm futuro?
Contrariando as previsões de morte das ferramentas no-code, muitas empresas estão evoluindo em vez de desaparecer.
Josh Haas, da Bubble, apresenta uma visão interessante: "AI ajuda você a construir, mas o que ela constrói é expresso em nossa linguagem visual no-code". Isso mantém a transparência e controle que a geração pura de código não oferece.
Ryan Cunningham, da Microsoft, destaca um ponto crucial: "Uma plataforma, uma camada de abstração, é mais importante agora do que nunca". Grandes organizações precisam de controles, segurança e governança que ferramentas de conversa simples não conseguem garantir.
A inteligência artificial generativa não afeta todos os perfis da mesma forma.
Para usuários casuais que querem criar protótipos rápidos, conversar com IA pode ser suficiente. Mas para aplicações empresariais complexas, a combinação de plataformas visuais com capacidades de IA parece ser o caminho.
Pesquisas mostram que o mercado de plataformas low-code e no-code teve crescimento de US$ 16,17 bilhões em 2024 e segue no ritmo de US$ 62,15 bilhões até 2029. Isso indica que, longe de desaparecer, essas ferramentas estão se adaptando e crescendo.
O futuro será mais complexo que esperamos
A verdade é que não veremos uma substituição simples, mas uma evolução do ecossistema. A inteligência artificial generativa está se integrando às plataformas existentes, criando experiências mais poderosas sem eliminar a necessidade de estruturas organizadas.
Abhishek Sisodia, desenvolvedor do Scotiabank, resume bem: "Os que aprenderem a combinar a 'vibe' com validação técnica real construirão a próxima geração de produtos transformadores. O resto pode 'viber' seu caminho para a irrelevância".
A mensagem é clara: aprenda sobre ambas as abordagens. A inteligência artificial generativa é uma ferramenta poderosa, mas precisa ser usada com conhecimento e responsabilidade para evitar os problemas que especialistas já identificam.
O futuro será de quem souber combinar a velocidade da IA com a robustez das plataformas estruturadas, criando soluções que funcionem não apenas hoje, mas também amanhã.
Fonte: The New Stack