Cultura Organizacional
Comportamento
Liderança sem empatia é apenas poder mal administrado
Quando o discurso de liderança humanizada esconde a falta de ética, caráter e respeito
09/05/2025, 16:00
Nos últimos anos, trilhei um caminho sólido como UX / Product Designer em uma empresa onde pude aplicar plenamente meus conhecimentos, liderar iniciativas de impacto e construir relações baseadas em confiança e profissionalismo. Ao longo desse período, conquistei reconhecimento interno e externo, e contribui de forma ativa para a evolução de produtos, processos e resultados.
Como acontece em muitos momentos da carreira, surgiu uma nova oportunidade: uma proposta de outra empresa, com melhores condições financeiras, um discurso voltado à inovação e a promessa de um ambiente amigável e colaborativo. Após consultar algumas pessoas e refletir bastante — como qualquer pessoa responsável faria — , decidi aceitar o convite e iniciar esse novo ciclo.
A expectativa era de crescimento profissional, estabilidade, aprendizado e colaboração. Mas a realidade foi bem diferente.
Logo nos primeiros dias, as atribuições que me foram delegadas estavam muito abaixo da responsabilidade esperada para o cargo que ocupei. Ainda assim, com profissionalismo e paciência, segui empenhado em entender o contexto do momento, entregar valor e abrir caminhos para contribuir com o que sei fazer de melhor (gerar resultados).
Mas abruptamente, numa segunda-feira, logo após uma reunião de alinhamento com as “lideranças”, antes mesmo de completar um mês de atuação, fui comunicado pelo RH que solicitaram o meu desligamento na semana anterior e minha jornada acabava ali. Nenhuma conversa. Nenhum alinhamento. Nenhum feedback. Apenas uma ligação breve no Teams de uma pessoa que eu nunca havia conversado, acompanhada do distrato a ser assinado.
Saí perplexo e com um profundo sentimento de indignação e revolta!
O que fere não é o fim, é a forma
O ponto aqui não é a decisão em si, empresas têm o direito (e o dever quando necessário) de tomar decisões difíceis. O que é inaceitável é a forma como algumas “lideranças” conduzem essas decisões. A ausência de diálogo, a falta de consideração com a trajetória de um profissional e a postura fria e covarde diante das consequências humanas de uma demissão abrupta, dizem muito mais sobre a cultura podre de uma organização do que qualquer slogan de fachada.
Deixar uma posição estável, construída com anos de esforço e dedicação, para ser desligado em menos de 30 dias sem uma única conversa ou explicação é mais do que um cruel episódio profissional, é um retrato claro do que ainda precisa evoluir em muitas lideranças: maturidade, empatia, responsabilidade e respeito.
A quem lidera: seu poder exige consciência
Se você ocupa uma posição de liderança, nunca se esqueça: você não lida apenas com entregas, metas e relatórios. Você lida com pessoas (suas histórias, escolhas e expectativas). Ser líder não é apenas decidir, é saber como decidir. E ter a coragem de dar retorno, de conversar, de ser humano, mesmo quando isso exige desconforto.
Entenda: respeito não se negocia, transparência, comunicação e consideração são pilares inegociáveis em qualquer relação profissional. Tenha caráter e seja referência pela pessoa que você é, não apenas pela posição que ocupa, afinal cargos são temporários, enquanto suas atitudes ecoarão para sempre. Não seja covarde!
Ciclos se encerram. Mas a forma como isso acontece deixa marcas — tanto para quem sai quanto para quem fica.
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus. - Emicida
A quem viveu algo semelhante: você não está só…
Escrevo esse artigo não como um pedido de compreensão, mas como um ato de coragem e exposição consciente. Que ele sirva de esperança para outros profissionais que, como eu, acreditam no respeito e na integridade das relações de trabalho. Saiba que isso não define suas capacidades e quem você é. E que também sirva de reflexão para “líderes” que ainda tratam pessoas como peças descartáveis em vez de parceiros de jornada.
Por aqui, sigo com a cabeça erguida e a certeza de que dignidade, ética e caráter não se perdem, mesmo diante de atitudes pequenas, covardes e perversas. O que fica são os aprendizados. E o mais importante deles:
Distância de gente que não te respeita e nem te valoriza, não é perda, e sim um ganho!
Dito isso, estou à disposição para novas oportunidades e desafios, quem puder me indicar para empresas que buscam UX, Product Designer, DesignOps ou Product Manager, ficarei super agradecido.
Mas e você? O que faria se fosse desligado numa situação como essa? Já presenciou algo parecido? Compartilha esse artigo com a sua opinião…
Escrito por: Claudio Pelizari