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Lady Gaga apareceu em todo canto, mas nem tudo era real
Cantora virou meme e campanha com imagens feitas por IA
06/05/2025, 16:10
Para aqueles que não compareceram ao show de Lady Gaga no Rio, é quase certo que se depararam com imagens da cantora supostamente visitando pizzarias, bares e outros estabelecimentos, participando de promoções ou apoiando campanhas locais. O que muita gente não percebeu é que boa parte dessas cenas nunca aconteceu: foram geradas por inteligência artificial (IA), misturando diversão, criatividade e, em alguns casos, desinformação.
Brincadeira e o sinal de alerta
O episódio mais comentado foi a foto dela com uma camisa vermelha da seleção brasileira, que viralizou logo após o show em Copacabana. Ferramentas de análise, como o Hive Moderation, apontaram quase 99% de chance de manipulação digital, e veículos como G1 e Estadão confirmaram: a imagem era falsa, fruto de IA, e nunca esteve nas redes oficiais da artista.
Outro caso emblemático envolveu a pizzaria Jet Pizzas, que criou um post mostrando Lady Gaga distribuindo pizzas para fãs. Aqui, a empresa seguiu as regras do Instagram e colocou o selo obrigatório de “Conteúdo gerado por IA”, além de deixar claro na legenda que a imagem era ilustrativa e feita para divertir, refletindo o tom descontraído da marca.
Quando a brincadeira vira assunto sério
Com o aumento do uso de IA, plataformas como Instagram e Facebook passaram a exigir que imagens criadas ou alteradas digitalmente sejam rotuladas com selos como “Feito com IA” ou “Informações sobre IA”. Essa transparência é fundamental para que o público saiba quando está diante de uma cena real ou de uma criação digital.
No caso da Jet Pizzas, a marca foi transparente e deixou claro que tudo não passava de uma brincadeira. Nos comentários, ficou evidente que o público entendeu o tom leve da ação, e ninguém foi induzido a acreditar que Lady Gaga realmente esteve lá. Esse tipo de conteúdo, quando bem sinalizado, dificilmente gera danos à reputação da marca ou engana o consumidor.
No entanto, o debate sobre o uso de IA em campanhas publicitárias e memes ainda divide opiniões. O brasileiro tem fama de brincar e criar memes com tudo, especialmente em grandes eventos. Mas, quando a transparência não é total, ou quando a imagem é usada para fins enganosos, os riscos aumentam. O próprio InfoMoney, ao criar uma imagem de Lady Gaga distribuindo pizzas, foi criticado por fotojornalistas e precisou se retratar por não deixar claro que a cena era fictícia, reforçando a importância da clareza na comunicação.
O que diz a lei e o mercado
No Brasil, o direito de imagem é protegido por lei, e o uso de figuras públicas em campanhas, mesmo que em tom de brincadeira, pode gerar questionamentos jurídicos se houver prejuízo à reputação ou uso comercial sem autorização. A recente regulamentação da IA no país busca justamente criar regras claras para proteger tanto consumidores quanto marcas, exigindo rotulagem e transparência em conteúdos digitais.
Especialistas apontam que, quando a intenção é claramente humorística, sem enganar ou prejudicar, o risco é menor. Mas, se a marca não sinaliza que se trata de IA ou se o conteúdo pode ser interpretado como real, aí sim o problema se agrava. É fundamental que o público saiba distinguir o que é real do que é só uma brincadeira, especialmente em tempos de deepfake e fake news.
Como navegar no novo cenário digital
Para as marcas, a lição é clara: use a criatividade, mas nunca abra mão da transparência. Sinalize sempre quando uma imagem é criada por IA e explique o contexto, principalmente se envolver figuras públicas. Isso fortalece a confiança do público e evita problemas legais e de reputação.
Para os consumidores, vale o alerta: desconfie de imagens espetaculares demais e procure sempre por selos e explicações nas postagens. O Instagram, por exemplo, já rotula automaticamente muitos conteúdos feitos com IA, e a tendência é que essa prática se torne padrão em todas as redes sociais.
Entre o meme e a responsabilidade
A chegada de Lady Gaga ao Brasil mostrou como a criatividade do brasileiro, aliada à tecnologia, pode gerar memes e campanhas memoráveis. Quando há transparência e respeito ao público, tudo vira motivo de comemoração e engajamento. Mas, se faltar clareza, o que era para ser divertido pode se transformar em desinformação e dor de cabeça para marcas e artistas.
No fim das contas, o mais importante é equilibrar diversão e responsabilidade. A inteligência artificial está aí para ficar, e cabe a todos – marcas, consumidores e plataformas – garantir que a linha entre o real e o digital fique sempre clara.
Fonte: Revista Fórum | G1