Cultura Organizacional

Itaú demite 1000 funcionários

Banco fala em produtividade e cultura; sindicato contesta

09/09/2025, 13:15

Itaú demite 1000 funcionários
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Itaú demite 1000 funcionários

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A segunda-feira, 9 de setembro de 2025, trouxe uma notícia que abalou o mercado bancário brasileiro. O Itaú, maior banco privado do país, cortou aproximadamente mil postos de trabalho, focando principalmente em funcionários que atuavam em regime híbrido ou totalmente remoto.



A justificativa oficial?

Baixa produtividade e incompatibilidade com os princípios de confiança da instituição.



O que motivou as demissões no Itaú

As demissões no Itaú foram resultado de um processo meticuloso que durou seis meses. Durante esse período, o banco monitorou detalhadamente a produtividade dos colaboradores através de diversos indicadores digitais, incluindo tempo de uso do computador, quantidade de cliques, abertura de abas, inclusão de tarefas no sistema e criação de chamados.

A instituição descobriu discrepâncias significativas entre o registro de ponto eletrônico e as atividades efetivamente realizadas pelos funcionários. Em alguns casos, foram identificados períodos de quatro horas ou mais de suposta inatividade, o que foi considerado incompatível com os padrões esperados de produtividade.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região confirmou que cerca de mil bancários foram desligados, atingindo principalmente profissionais do Centro Tecnológico, CEIC e Faria Lima. Segundo a entidade, os trabalhadores foram dispensados sem advertência prévia e sem diálogo com o sindicato.


Como funciona o monitoramento de produtividade

O monitoramento de produtividade no home office tornou-se uma prática comum entre grandes empresas, especialmente após a consolidação do trabalho remoto. No caso do Itaú, o banco utilizou ferramentas sofisticadas para rastrear a atividade digital dos funcionários em tempo real.

A produtividade era medida através de métricas específicas como memória do computador em uso, frequência de cliques, tempo de navegação entre sistemas internos e criação de tarefas. Trabalhadores consultados relataram que não tinham conhecimento do nível detalhado de monitoramento ao qual estavam submetidos.

Essa abordagem reflete uma tendência crescente no mercado corporativo, onde empregadores buscam equilibrar a flexibilidade do trabalho remoto com a necessidade de manter níveis adequados de produtividade. As ferramentas de monitoramento permitem identificar padrões de comportamento e detectar possíveis problemas de engajamento antes que afetem os resultados da empresa.


O contexto financeiro por trás da decisão

As demissões ocorrem em um cenário aparentemente contraditório. O Itaú registrou lucro bilionário de R$ 11,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, representando crescimento de 14,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre, o lucro acumulado chegou a R$ 22,6 bilhões.

Apesar da solidez financeira, o banco mantém uma estratégia de otimização de custos. Nos últimos 12 meses, a instituição já havia cortado 518 postos de trabalho, reduzindo o quadro para 85.775 funcionários no Brasil. Paralelamente, o número de agências físicas caiu de 3.021 para 2.795 unidades.

Essa política de cortes em meio a lucros recordes tem gerado críticas do movimento sindical.



"É inaceitável que uma instituição que registra lucros bilionários promova demissões em massa sob a justificativa de produtividade", declarou o Sindicato dos Bancários em nota oficial.



Impactos no mercado de trabalho bancário

As demissões em massa no setor bancário refletem uma transformação estrutural da indústria financeira. Os bancos tradicionais enfrentam pressão crescente de fintechs e instituições digitais que operam com estruturas mais enxutas e maior eficiência operacional.

O Itaú, com aproximadamente 100 mil funcionários no Brasil e exterior, busca adaptar-se a esse novo cenário competitivo através da digitalização de serviços e otimização de processos. A estratégia inclui fechamento de agências físicas e maior foco em canais digitais de atendimento.

Para os profissionais do setor, as demissões representam um alerta sobre a importância da produtividade mensurável, especialmente em ambientes de trabalho remoto. A situação também evidencia a necessidade de maior transparência nos critérios de avaliação de desempenho e nos métodos de monitoramento utilizados pelas empresas.


A resposta do sindicato e dos funcionários

O Sindicato dos Bancários reagiu duramente às demissões, classificando os critérios utilizados pelo banco como "extremamente questionáveis". Segundo Maikon Azzi, diretor do sindicato e funcionário do Itaú, os parâmetros não levam em conta "a complexidade do trabalho bancário remoto, possíveis falhas técnicas, contextos de saúde, sobrecarga, ou mesmo a própria organização do trabalho pelas equipes".

A entidade criticou especialmente a ausência de diálogo prévio e a falta de oportunidade para que os funcionários se defendessem ou corrigissem suas condutas.



"Mesmo com seis meses de monitoramento, não houve qualquer tentativa de diálogo pelo banco, não houve advertência, feedback ou qualquer outra sinalização", destacou o dirigente sindical.



Nas redes sociais, os cortes geraram intensa repercussão, com relatos variando de mil a cinco mil demissões.



Muitos ex-funcionários expressaram surpresa com a decisão, alegando não terem recebido qualquer sinalização prévia sobre problemas de performance.



Perspectivas para o trabalho remoto

A decisão de demitir funcionários baseada em métricas de atividade digital levanta questões importantes sobre os limites do monitoramento corporativo e a eficácia desses métodos para avaliar performance real.

Para especialistas em recursos humanos, o episódio demonstra a importância de estabelecer critérios claros e comunicar adequadamente as expectativas de produtividade para funcionários em home office. A transparência nos processos de avaliação e o feedback contínuo emergem como elementos essenciais para evitar situações similares.

O mercado de trabalho brasileiro, que vivenciou uma expansão significativa do trabalho remoto durante a pandemia, agora enfrenta um momento de ajuste. Empresas buscam equilibrar flexibilidade com controle, enquanto profissionais precisam adaptar-se a novas formas de demonstrar produtividade e engajamento em ambientes virtuais.

A repercussão do caso Itaú certamente influenciará outras organizações na definição de suas políticas de trabalho remoto, estabelecendo precedentes importantes para as relações trabalhistas no contexto pós-pandêmico.

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