Inteligência Artificial
Marketing
Inteligência artificial criou a apresentadora mais viral das redes sociais
Conheça Marisa Maiô, personagem criada por IA que viralizou e já faz campanhas publicitárias
10/06/2025, 21:30
Uma mulher de meia-idade, vestindo apenas um maiô preto e sapatos de salto, conduzindo um programa de auditório com um humor ácido que conquistou milhões de brasileiros. Mas existe um detalhe surpreendente: Marisa Maiô não é real. Ela é uma criação completamente artificial que está mudando a forma como entendemos entretenimento e marketing digital.
Marisa Maiô representa algo que muitos especialistas consideram o futuro da criação de conteúdo. Em apenas seis dias após seu primeiro post, ela acumulou mais de 3 milhões de visualizações e já fechou contratos publicitários com grandes marcas como o Magazine Luiza e OLX.
A mente criativa por trás da apresentadora virtual
O responsável por dar vida à Marisa Maiô é Raony Phillips, ilustrador e ator carioca conhecido por projetos anteriores como "Girls in the House". Phillips utilizou Veo 3 do Google para criar episódios inteiros com trilha sonora, ruído de fundo e sincronização labial perfeita.
A personagem nasceu como uma sátira dos clássicos programas de auditório brasileiros, ironizando formatos como "Casos de Família", "Programa do Ratinho" e "A Hora da Venenosa". Phillips conseguiu capturar a essência desses programas, mas levando o absurdo a um novo patamar através da liberdade criativa que a inteligência artificial proporciona.
Como funciona a tecnologia por trás de Marisa Maiô
A criação da apresentadora virtual utiliza o Veo 3, plataformas de geração de vídeos do Google DeepMind que transformam comandos de texto em conteúdo audiovisual realista. Essas ferramentas permitem criar vídeos de até 8 segundos com resolução de até 1080p, incluindo áudio sincronizado e movimentos naturais.
O processo funciona através de prompts específicos que descrevem cenários, personagens e situações. A inteligência artificial interpreta essas descrições e gera automaticamente clipes coerentes com trilha sonora, ruídos ambientes e até expressões faciais convincentes. É uma tecnologia que democratiza a produção audiovisual, permitindo que criadores individuais produzam conteúdo com qualidade profissional.
Quando Marisa Maiô encontrou o marketing
A velocidade com que o Magazine Luiza abraçou a Marisa Maiô para sua campanha de Dia dos Namorados demonstra como as marcas precisam estar atentas aos movimentos culturais das redes sociais. Segundo Aline Izo, gerente sênior de marketing da empresa, "as marcas que se mantêm relevantes são aquelas que participam de contextos nos quais a atenção da sua audiência está inserida".
O vídeo da campanha alcançou mais de 4 milhões de visualizações em poucos dias, mostrando como personagens virtuais podem se tornar influenciadores digitais eficazes. Essa estratégia representa uma mudança significativa no marketing digital, onde a autenticidade não depende mais da existência física do influenciador, mas sim de sua capacidade de conectar com o público.
Os desafios éticos e legais dos personagens virtuais
A popularidade de Marisa Maiô levanta questões importantes sobre direitos autorais e propriedade intelectual. Como explicam especialistas, personagens criados inteiramente por inteligência artificial não podem ser registrados sob direitos autorais tradicionais, pois não são "fruto da mente humana". Isso cria um território legal complexo sobre quem possui os direitos de uma criação artificial.
Outro aspecto preocupante é o potencial para desinformação. O Google implementou a tecnologia SynthID, que insere marcas d'água digitais em todos os conteúdos gerados por suas IAs, permitindo identificar se um vídeo é autêntico ou artificial. Essa medida se torna crucial considerando o realismo das criações e seu potencial impacto em contextos sensíveis como eleições.
O futuro do entretenimento com inteligência artificial
A ascensão de personagens como Marisa Maiô sinaliza transformações profundas na indústria do entretenimento. Plataformas como TikTok já testam avatares gerados por IA para campanhas publicitárias, oferecendo opções pré-fabricadas ou personalizadas que podem falar diferentes idiomas. Essa tendência indica que estamos caminhando para um cenário onde a criação de conteúdo será cada vez mais democratizada e acessível.
Para criadores de conteúdo e profissionais de marketing, isso representa tanto oportunidades quanto desafios. A personalização proporcionada pela IA permite campanhas mais direcionadas e eficazes, mas também exige adaptação a um mercado onde a concorrência inclui personagens que nunca dormem, nunca envelhecem e podem ser infinitamente modificados.
Lições práticas para marcas e criadores
O sucesso de Marisa Maiô oferece insights valiosos para quem deseja navegar neste novo cenário. Primeiro, a autenticidade emocional supera a autenticidade física - o que importa é a capacidade de gerar conexão genuína com o público. Segundo, a velocidade de resposta a tendências culturais se tornou ainda mais crítica, como demonstrou a rápida ação da Magazine Luiza e OLX.
Para marcas, investir em monitoramento de tendências e capacidade de resposta rápida pode ser a diferença entre liderar ou perder oportunidades. Para criadores, dominar ferramentas de IA generativa pode amplificar significativamente o alcance e a qualidade da produção de conteúdo, mesmo com recursos limitados.
A história de Marisa Maiô nos mostra que estamos vivendo um momento, onde a criatividade humana se une à capacidade técnica da inteligência artificial para criar algo completamente novo. Seja você um profissional de marketing, criador de conteúdo ou simplesmente alguém curioso sobre o futuro digital, essa transformação merece sua atenção. Afinal, a próxima grande tendência das redes sociais pode muito bem ser criada por uma mente “artificial” - e você precisa estar preparado para esse mundo que já chegou.
Fonte: Mercado e Consumo | Época Negócios