Cultura Organizacional
Intel demitirá aproximadamente 24 mil funcionários
Intel planeja cortar cerca de 24 mil funcionários ainda em 2025 e cancela projetos bilionários na Europa
30/07/2025, 23:15
A gigante de semicondutores Intel confirmou oficialmente que demitirá aproximadamente 24 mil funcionários ao longo de 2025, representando cerca de 25% de sua força de trabalho principal. O anúncio, feito durante a divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre, faz parte de uma ampla reestruturação global liderada pelo novo CEO Lip-Bu Tan.
A decisão surge em meio a um cenário financeiro desafiador. A empresa registrou prejuízo de US$ 2,9 bilhões no segundo trimestre de 2025, quase o dobro das perdas do mesmo período anterior. Apesar de manter receita estável de US$ 12,9 bilhões, que superou as expectativas de Wall Street, a Intel enfrenta seu sexto trimestre consecutivo de perdas - a pior sequência em 35 anos.
A estratégia do novo CEO
Lip-Bu Tan, que assumiu a liderança em março após a saída de Pat Gelsinger, implementou uma filosofia rigorosa de controle de custos.
Em memorando interno aos funcionários, ele declarou que "não há mais cheques em branco" e que "todo investimento deve fazer sentido econômico".
A reestruturação visa reduzir as despesas operacionais em US$ 17 bilhões ao longo de 2025. Como parte dessa estratégia, a empresa já eliminou "cerca de 50% das camadas de gerência", adotando uma abordagem "cirúrgica" para remover níveis hierárquicos intermediários.
Cancelamento de projetos bilionários na Europa
Além das demissões, a Intel tomou a decisão drástica de cancelar definitivamente seus projetos de megafábricas na Europa. Os planos incluíam:
Fábrica na Alemanha: Investimento de dezenas de bilhões de euros que criaria 3 mil empregos diretos.
Unidade de testes na Polônia: Projeto que empregaria 2 mil pessoas
Desaceleração em Ohio: A construção da fábrica de US$ 28 bilhões nos Estados Unidos foi adiada para após 2030
O CEO justificou essas decisões afirmando que a empresa "investiu demais em novas fábricas antes de garantir demanda suficiente", resultando em operações "desnecessariamente fragmentadas".
Impacto na Costa Rica e consolidação global
A reestruturação também afeta as operações na Costa Rica, onde a Intel mantinha presença desde 1997. A empresa encerrará suas operações de montagem e testes no país, mantendo apenas cerca de 2.000 funcionários em atividades de engenharia e funções corporativas, dos 3.400 anteriores.
A estratégia prevê a consolidação das operações de teste nos centros do Vietnã e Malásia, como parte do esforço para otimizar a rede global de produção.
A reestruturação da Intel ocorre em meio à crescente pressão competitiva no setor de inteligência artificial, onde a empresa perdeu terreno significativo para rivais como Nvidia, AMD e TSMC. Enquanto o negócio de data centers da Intel cresceu apenas 4% no último trimestre, para US$ 3,9 bilhões, o segmento de chips para PCs caiu 3%, totalizando US$ 7,9 bilhões.
A empresa busca agora reposicionar-se no mercado através de quatro pilares estratégicos: recapturar participação no mercado de PCs, investir pesadamente em chips de IA, desenvolver a tecnologia avançada 14A para grandes clientes, e focar em produtos para desenvolvimento de modelos de IA.
Perspectivas futuras e recuperação
Apesar dos desafios, a Intel projeta receita entre US$ 12,6 bilhões e US$ 13,6 bilhões para o terceiro trimestre, superando as estimativas dos analistas. A empresa aposta no lançamento de suas tecnologias 18A e 14A como elementos-chave para reconquistar competitividade.
Lip-Bu Tan enfatizou que, embora o processo de recuperação leve tempo, existem oportunidades para "melhorar a posição competitiva, aumentar a rentabilidade e gerar valor a longo prazo". O CEO planeja construir capacidade de fabricação apenas quando houver demanda confirmada, marcando uma mudança fundamental na estratégia corporativa.
A reestruturação representa uma das mais profundas transformações na história recente da Intel, refletindo tanto os desafios internos quanto as mudanças aceleradas no mercado global de semicondutores impulsionado pela inteligência artificial.
Fonte: The Verge