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Estreia do humanoide da Boston Dynamics nos bastidores do cinema
Atlas atua como cinegrafista em produções audiovisuais
22/04/2025, 11:35
Você já parou para pensar como seria filmar uma cena de ação com um robô segurando a câmera? Parece ficção científica, mas essa é a realidade que a Boston Dynamics, em parceria com a Canon e a WPP, está trazendo para os sets de filmagem. O Atlas, robô humanoide conhecido por suas acrobacias impressionantes, assumiu um novo papel: cinegrafista profissional.
Mais que um robô acrobata, agora por trás das câmeras
Quando falamos em robótica, é comum imaginarmos máquinas substituindo trabalhos braçais. Mas o Atlas da Boston Dynamics está provando que a tecnologia também tem espaço na arte. Equipado com uma câmera profissional de 20 kg, o robô humanoide consegue manter estabilidade em movimentos complexos, como girar 180 graus ou se inclinar em ângulos improváveis para um operador humano. A precisão é tão impressionante que, durante testes, o Atlas filmou cenas sem interrupções por horas – algo fisicamente exaustivo até para os melhores profissionais.
A chave para esse desempenho? Um treinamento em ambientes virtuais. Antes de chegar ao set real, o robô praticou em simulações ultra-realistas criadas com a plataforma NVIDIA Isaac Sim e o COSMOS, sistemas que replicam cenários de filmagem com iluminação, obstáculos e até interações com humanos. Foi como aprender a dirigir em um videogame antes de pegar um carro de verdade.
Robô cinegrafista é uma revolução silenciosa?
A ideia não é substituir humanos, mas ampliar possibilidades. Imagine cenas filmadas em locais perigosos, como vulcões ativos ou áreas de conflito, sem colocar vidas em risco. Ou planos sequência que exigem precisão milimétrica por horas. O Atlas pode ser programado para repetir movimentos infinitamente, garantindo consistência em tomadas complexas.
Em entrevista, um representante da Boston Dynamics destacou que o objetivo é criar ferramentas, não substituir talentos. "Assim como o steadycam e os drones abriram novas perspectivas, o Atlas oferece um olhar único", explicou. Para diretores, isso significa liberdade criativa sem limites físicos.
Do virtual para o mundo real
Treinar um robô para operar câmeras não foi simples. O maior obstáculo foi o ‘sim2real gap’ – a diferença entre o que funciona na simulação e o que acontece na prática. Para resolver isso, a equipe usou inteligência artificial avançada da NVIDIA, que permitiu ao Atlas adaptar-se a imprevistos, como mudanças bruscas de luz ou obstáculos no set.
Outro avanço foi o NVIDIA GR00T, modelo de IA que ajuda o robô a entender comandos verbais e gestuais. Isso permite que um diretor diga "siga o ator mantendo a câmera estável" e o Atlas execute a ação, ajustando-se em tempo real.
O que esperar do futuro dos sets de filmagem?
A presença do Atlas nos sets não é só sobre tecnologia. Mas, é sobre colaboração? Cinegrafistas humanos agora têm um assistente incansável para cenas desgastantes, enquanto focam em aspectos criativos. Em produções experimentais, o robô já permitiu capturar ângulos inéditos, como tomadas aéreas sem drones ou movimentos circulares perfeitos.
Mas há questões em aberto: como garantir que a tecnologia não desvalorize o trabalho humano? A resposta das empresas envolvidas é clara: o Atlas é uma ferramenta para potencializar a arte, não para apagá-la.
O Atlas da Boston Dynamics como cinegrafista é mais que uma curiosidade tecnológica – será que ele representa um exemplo real de como máquinas e humanos podem criar juntos? Enquanto o robô lida com desafios físicos e repetição, os profissionais ganham espaço para inovar.
Fonte: Hardware