Cultura Organizacional
Dan Price e o salário de US$ 70 mil
História do CEO que reduziu seu próprio salário para garantir US$70 mil anuais a todos os funcionários
29/05/2025, 21:15
A história de Dan Price, que em 2015 reduziu seu salário de US$1 milhão para US$70 mil anuais para garantir um piso salarial justo aos funcionários da Gravity Payments, tornou-se um marco no debate sobre equidade salarial. Passados quase dez anos, o caso continua relevante, mas revela contradições tanto nos avanços quanto nas resistências que persistem no mundo corporativo e nas políticas trabalhistas.
Garantir que todos os 120 funcionários de sua empresa, a Gravity Payments, recebessem pelo menos esse valor. Seis anos depois, os números mostram que a decisão radical não só deu certo como revolucionou a vida das pessoas e os resultados do negócio.
Por que um CEO decidiu ganhar menos?
A motivação de Dan Price veio de uma conversa com uma amiga que, mesmo trabalhando 50 horas por semana, mal conseguia pagar o aluguel. Ele percebeu que muitos de seus próprios funcionários viviam situações similares, apesar da empresa focar em "ajudar pequenos negócios". Inspirado por um estudo de Princeton que relacionava renda e bem-estar, Price escolheu US$ 70 mil como salário mínimo, valor próximo ao que a pesquisa apontava para uma vida equilibrada.
Os primeiros passos da mudança radical
O anúncio foi feito em uma reunião com a presença de jornalistas do The New York Times e NBC. A princípio, os funcionários não acreditaram. "Tive que repetir três vezes", contou Price. A notícia viralizou, gerando elogios e críticas. Dois colaboradores pediram demissão, alegando injustiça com quem já tinha salários altos, enquanto clientes cancelaram contratos, temendo aumento de custos.
Resultados que desafiaram o ceticismo
Nos anos seguintes, a Gravity Payments cresceu 300% em receita e dobrou o número de funcionários. Mas os impactos mais significativos foram na vida pessoal da equipe:
70% quitou dívidas.
Compras de casas aumentaram 10 vezes.
O número de filhos por ano saltou de 2 para mais de 65
"Antes, as pessoas trabalhavam para pagar contas. Agora, trabalham para fazer um bom trabalho", disse uma funcionária.
Desafios e polêmicas no caminho
A decisão não foi livre de obstáculos. O irmão de Dan, Lucas, processou-o por supostamente desvalorizar a empresa. Em 2022, Price renunciou após acusações de assédio, que ele nega. Apesar disso, a Gravity manteve a política salarial, mostrando que as mudanças ultrapassaram a figura do fundador.
A prova de fogo durante a pandemia
Em 2020, a receita da empresa caiu 55% em semanas. Para evitar demissões, 98% dos funcionários aceitaram cortes temporários de salário. Quando a situação se normalizou, todos foram reembolsados. O episódio reforçou a lealdade da equipe, que presenteou Price com um Tesla como agradecimento.
Lições para outras empresas
A experiência da Gravity Payments inspirou ações similares em empresas como a PharmaLogics, que elevou salários após uma palestra de Price. Embora grandes corporações ainda resistam, o caso virou estudo em Harvard e é usado em debates sobre políticas públicas de salário mínimo.
A história de Dan Price mostra que priorizar pessoas pode ser um bom negócio. Mesmo com desafios, a Gravity provou que salários justos aumentam produtividade, reduzem turnover e transformam vidas.
Em resumo, embora aquela decisão de 2015 já tenha quase uma década, seus princípios reverberam com força hoje. As discussões sobre justiça salarial, qualidade de vida no trabalho e responsabilidade social cresceram e ganharam corpo, transformando o que parecia um experimento ousado em inspiração para práticas corporativas mais humanizadas e sustentáveis.
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Fonte: Business Insider