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A confusa jornada de uma marca que perdeu o rumo

HBO Max retorna ao nome original após polêmico rebranding como "Max" e queda de receita

22/05/2025, 21:30

A confusa jornada de uma marca que perdeu o rumo
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A confusa jornada de uma marca que perdeu o rumo

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É exatamente isso que milhões de assinantes experimentaram nos últimos anos com a confusa saga da HBO Max. Hoje, a plataforma de streaming anuncia seu retorno ao nome original, mas essa decisão representa muito mais do que uma simples mudança de marca - é o reconhecimento público de um dos maiores erros estratégicos da indústria do entretenimento.


A história por trás da decisão de a HBO Max voltar ao nome original

HBO Max volta ao nome original depois de uma jornada turbulenta que começou em 2022. Para entender completamente essa situação, precisamos voltar no tempo e analisar como chegamos até aqui.

A HBO sempre foi sinônimo de qualidade premium na televisão. Durante décadas, a empresa construiu uma reputação sólida com produções como "Os Sopranos", "Game of Thrones" e "The Last of Us. Quando o mundo migrou para os serviços de streaming, a HBO naturalmente evoluiu, lançando primeiro o HBO GO e depois o HBO Now, antes de consolidar tudo no HBO Max.


O erro estratégico que custou milhões

Em 2022, quando a Discovery adquiriu a Warner Media, tudo mudou drasticamente. David Zaslav, CEO da Discovery, assumiu o comando da nova empresa Warner Bros Discovery e tomou uma decisão que se revelaria desastrosa: em 2023, removeu o nome "HBO" da plataforma, deixando apenas "Max".

A justificativa apresentada na época parecia lógica no papel. Zaslav argumentava que o nome HBO estava muito associado a conteúdo adulto e que eles queriam expandir para um público mais amplo, incluindo famílias e diferentes faixas etárias. A ideia era misturar o conteúdo premium da HBO com os reality shows e programas de lifestyle da Discovery.


Por que a estratégia Max fracassou completamente

A estratégia de rebranding para "Max" foi um fracasso retumbante por várias razões fundamentais:

Perda de Identidade da Marca: A HBO havia construído décadas de reconhecimento como sinônimo de qualidade premium. Jogar fora essa reputação foi como destruir um tesouro.

Confusão do Consumidor: Os assinantes simplesmente não entendiam por que uma marca tão respeitada estava sendo abandonada. A confusão gerou frustração e desconfiança.

Competição Desleal: Tentar competir diretamente com a Netflix no próprio jogo dela foi um erro. A Netflix já dominava o mercado de conteúdo "arroz com feijão", como reality shows e entretenimento geral.


Os números que provam o fracasso

Os resultados financeiros falam por si só. Em 2024, a Warner Bros Discovery registrou queda na receita, mesmo com o aumento no número de assinantes. Isso demonstra que a estratégia de ampliar o conteúdo não trouxe o retorno esperado.

Mais revoltante ainda é o fato de que, enquanto a empresa demitia quase 1.000 funcionários devido aos "ajustes estratégicos", o CEO David Zaslav recebeu um aumento de 4% em seu salário, chegando a quase US$52 milhões (R$297 milhões). Essa disparidade mostra como as consequências dos erros corporativos afetam desproporcionalmente os trabalhadores.


O reconhecimento do erro e o retorno às origens

Especialistas em branding foram unânimes ao criticar a decisão original. Eric Shiffer, presidente da Reputation Management Consultants, descreveu o retorno ao nome HBO Max como uma "caminhada corporativa da vergonha". Segundo ele, cada banner com o nome "Max" funcionava como "uma letra escarlate de incompetência".

A empresa agora tenta contornar o erro com campanhas nas redes sociais, postando memes sobre a mudança e tentando transformar o fracasso em algo "divertido". Mas por trás dessa aparente leveza, existe o reconhecimento de que destruíram valor de marca estimado em bilhões.

O que outros serviços de streaming fazem diferente

Enquanto a Warner Bros Discovery se perdia em estratégias confusas, outros serviços encontraram suas identidades únicas:

  • Disney+: Focou em seu conteúdo exclusivo (Marvel, Star Wars, Pixar)

  • Apple TV+: Investiu pesadamente em conteúdo premium original

  • Amazon Prime Video: Integrou o streaming com outros benefícios do ecossistema Amazon

Essas plataformas entenderam que não precisam ser a próxima Netflix - elas podem ser a segunda opção dos consumidores, oferecendo algo único e valioso.


As lições aprendidas com esta confusão

Esta saga ensina várias lições importantes sobre gestão de marca:

  • Respeite o Valor da Marca: Décadas de construção de reputação não devem ser jogadas fora levianamente.


  • Conheça Seu Público: Os assinantes da HBO valorizavam especificamente o conteúdo premium, não queriam uma "Netflix genérica".


  • Cuidado com Egos Corporativos: Decisões baseadas em visões pessoais de executivos, sem considerar dados e feedback do mercado, raramente funcionam.


O futuro da plataforma após voltar ao nome original

Agora que HBO Max volta ao nome original, a empresa sinaliza um retorno à estratégia de "menos é mais", focando em qualidade ao invés de quantidade. Zaslav admitiu publicamente que querem "contar as melhores histórias" ao invés de "inundar a plataforma" com conteúdo.

Esta mudança representa uma oportunidade de reconexão com os valores que tornaram a HBO uma marca respeitada. Porém, reconquistar a confiança perdida será um processo longo e custoso.


Quando o óbvio não é tão óbvio

A história da HBO Max serve como um lembrete poderoso de que nem sempre as decisões "inovadoras" são as melhores. Às vezes, manter o que funciona e aprimorá-lo gradualmente é mais inteligente do que mudanças radicais.

Para nós, consumidores, esta confusão toda pelo menos trouxe uma certeza: a importância de dar valor às marcas que realmente nos atendem bem. E talvez, só talvez, as empresas aprendam que ouvir seus clientes é mais importante do que seguir egos corporativos.

A HBO Max volta ao nome original não apenas como uma correção de rota, mas como um pedido de desculpas aos milhões de fãs que sempre souberam o valor daquelas três letras: H-B-O.

Fonte: The Ringer

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